segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Vamos nos encontrar uma hora dessas?

Almocinho casual com as amigas. Euforia e mil sugestões pra escolher o restaurante. Todas concordam, a gente merece (sempre falamos isso pra justifcar alguma extravagância). Tem que ser um lugar bacana e de preferência caro. As solteiras querem “grupo de convívio”, então nem pensar uma opção aconchegante e discreta, muito menos japa, que eu odeio e as amigas me respeitam.

Escolhido o restaurante, pra definir a mesa e quem senta onde nem é preciso negociar, basta a gente se olhar. É óbvio. Casadas de frente pras solteiras. Solteiras de frente pro “grupo de convívio”.

A conversa começa no estacionamento. Pra falar a verdade nos emails que trocamos pra combinar o tal almoço. Acho que até antes, quando falamos em almoçar juntas qualquer dia desses, mais exatamente, naquela manhã.

O garçom se aproxima uma vez, duas, três, nem sei quantas. Na primeira a gente ainda é educadinha, sorrimos, pegamos o cardápio, um pause nas línguas e pedimos uns minutinhos até escolhermos os pratos. Pra facilitar, Coca Zero pra todas, assim não perdemos tempo. Prefiro nem explicar que a minha é sem limão e sem gelo. Vai vir errado mesmo.

Logo depois dos sorrisos, nenhuma de nós enxerga mais o “moço”. Nem que ele subisse na mesa ia conseguir fazer o pedido. Continuamos falando loucamente, segurando os cardápios, talvez até de cabeça pra baixo. Nem pensar em dar outro pause. Dali em diante só forward que ainda temos muita coisa pra falar.

A gente acredita, mesmo, que ninguém vai notar que o assunto é sacanagem quando de repente inclinamos nossos corpinhos pra frente, baixamos abruptamente o volume da voz e depois nos jogamos pra trás na cadeira dando risadas cafajestes. Não, ninguém vai notar. Principalmente porque nenhuma fez gestos universais. Não, claro que não. A gente lembrava que tava num, num... restaurante.

Uma de nós (claro, não eu) se dá conta que a gente foi lá pra almoçar. Depois de meia hora segurando os cardápios, nos dirigimos ao buffet. Aliás, escolhemos aquele lugar justamente por causa do buffet famoso e delicioso. E eu, que detesto salada, mas não sou boba, entro na fila junto com as minhas amigas, nem que seja pra pegar uma azeitona e um ovinho de codorna. Imagina esperar elas na mesa e perder alguma história. Com a velocidade das conversas elas não vão nem lembrar o que falavam enquanto eu fazia pouco caso dos verdes, muito menos vão querer repetir tudo pra mim. Adoro azeitona!

Voltamos, falando, servimos o prato quente, falando, a sobremesa, falando, pedimos o café, falando, a conta... Nem sei o que eu comi, e se comi. Mas lembro que passei por todas as etapas de um almocinho casual. Posso até ter comido um brócoli e nem vi.

As criaturas do "grupo de convívio" (denominação nossa para vida social) deviam se perguntar: mas que tanto elas falam? De tudo. Tudo mesmo. Falamos mal, muito mal diga-se de passagem, de um monte de gente, da conhecida brega, mas infelizmente gostosa, dos filhos que já temos e dos que ainda virão, de silicone, decoração, maquiagem, cremes, perfumes e afins, tendências do verão, dinheiro e a falta de mais dinheiro, viagens, trabalho, falta de tempo, regime, terapia, marido, ex-marido, case, prospect, depilação, cinema, empregada, receita de pudim de leite (o profi, furadinho e que desmancha na boca), o que vamos fazer no ano novo, sexo, amor, sexo de novo, lingerie e nem sei mais o que, porque perdi algumas conversas paralelas.

Depois do almoço e de umas duas Neosaldinas pra cada uma, voltamos a trocar emails pra combinar de sair pra jantar uma noite dessas. “Combinado! Até à noite então!” Isso mesmo, a noite do dia do almoço. Afinal, a gente precisava se encontrar pra botar o papo em dia. E pra facilitar, Patricia bem gelada pra todas, assim não perdemos tempo.

Um comentário:

Anônimo disse...

ameiiiii!!!
praticamente Carrie Bradshaw!!!
mas quando sair o seriado me chama pra ser a figurinista, hein!!! hehe