domingo, 22 de agosto de 2010

Multiprocessador

Assim, no meio da janta. Entre uma garfada e outra.

- Mãe, tu não parece uma periguete.

Congela o garfo no ar equanto digere o comentário e rapidamente elabora alguma coisa.
1) Ufa! Nunca pensei que algum dia na vida alguém pudesse me dizer o contrário.
2) Eu não posso ter ouvido isso.

- É filha, eu também acho que eu não pareço. Mas tu sabe o que é periguete?

- São aquelas gurias que usam piercing, All Star, roupa preta, tem tatuagem e andam com aqueles guris de cabelinho pro lado. Elas fazem bobagem e também são assaltadas (?) e presas.

Jesus! Ela tá confundindo as pobres Emos e ainda decretou que elas são bandidas! Ouviu por aí um pedaço de cada coisa e multiprocessou tudo! Ai, por onde eu começo? Posso pensar durante a semana, trocar uma ideia com amigos e retomar o assunto no fim de semana que vem? Não, não posso. Não dá pra deixar passar.

Livrei as Emos das bobagens, dos assaltos e da cadeia. Pensei em deixar tudo isso pras periguetes, ja que ia fazer sentido com perigo. Mas só ia piorar. Esteriotipar as periguetes pelo jeito que se vestem também podia ser tiro no pé. Pé de alguém conhecida, talvez. Vai que um dia ela encontra uma amiga minha de salto e mini saia e sai chamando de periguete achando que é elogio.

Deixei picando. Como ela ficou interessada em saber mais das Emos e eu definitivamente não consegui descrever as periguetes de uma maneira médio poética, o papo tomou outros rumos. Mas vai voltar mais dia, menos dia.

*

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Eu tentei ser menos invasiva

- Se eu tivesse tempo, até dava mais uma volta, mas eu tô mega atrasada (sorrisinho amarelo).
Foi a única coisa que consegui dizer pra desmobilizar o casal que tava num pega forte (mas honesto) no estacionamento do supermercado prenssado entra e porta do meu carro e o provável carro deles, depois de ter ligado e desligado o alarme umas 20 vezes pra avisar que eu queria entrar.

*

quinta-feira, 20 de maio de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

Mãe, eu só quero um irmãozinho!


I: Isabela tentando imaginar como seria...
Alguém olha ela com a boneca no colo e diz:
- Que linda tua filha! Como é o nome dela?
E recebe como resposta:
- Ela não é minha filha. É minha irmã.

* A mãe da boneca, no caso, sou eu.

II: Isabela tentando me deixar sem saída para o discurso de que falta um pai...
- Mãe, tive uma ideia!
- Eu posso ser o pai do meu irmãozinho! Tu é a mãe e eu sou o pai.
- Pergunta pro Rui se pode. Se ele deixar, a gente ganha um nenê!
Nada mais normal já que numa turma onde tem 11 meninas e 3 meninos, vira e mexe alguma delas precisa fazer o papel de pai pra família ser completa na brincadeira.

* Rui é o pediatra dela.

III: Isabela tentando me ensinar como fazer um nenê...
- Mãe, minha colega da Escola me contou que pro nenê nascer a pimentinha do pai precisa namorar a pimentinha da mãe. Daí uma nova pimentinha cresce na barriga da mãe e vira um filhinho.
- Então, quando tu encontrar um menino na rua, namora a pimentinha dele. Ele só não pode ser assim, muito velho.

* A pimentinha ela confunde com a sementinha.

E eu morro rindo

Quando chove dou um tapa no limpador de para-brisas e sigo onde a velocidade dele parar, chova grosso ou chova fino.
- Mãe esse nosso carro novo é maravilhoso!!!!
- Olha o carro do lado! O coisa de limpar o vidro dele anda-pára-anda-pára.
- E olha o nosso! Anda bem rapidinho. A gente é muito mais forte!

*

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Maxi me

Pensando bem, acho que nós mães temos uma certa dificuldade em aceitar que os filhos crescem e que todo o dia quando a gente acorda eles já não são mais como ontem, quando a gente colocou aquele bebê para dormir.

Confesso. É uma tristezinha disfarçada de alegria se dar conta que a gente não pode esticar o tempo tanto quanto eles esticam diariamente. Tenho sentido muito isso. Ainda mais quando olho fotinhos de babies de amigos meus, ouço pais orgulhosos contarem coisas sensacionais de seus filhos (que depois a gente percebe que toda criança faz parecido) e vejo carrinhos com pezinhos gorduchos pulando para fora. Ao mesmo tempo que lembro de cada pedacinho, cada novidade, cada diálogo, tenho a sensação de que não tenho devidamente registrada a vida dela para eu assistir e dar um review toda vez que me der saudade. Parece que eu não vou conseguir guardar tudo na memória e vou relembrar sempre as mesmas histórias, as mesmas fotos, as mesmas cenas. Neura de mãe. Papo de velha.

Mesmo falando o tempo todo que a minha filha cresce loucamente e sabendo que isso além de normal é tudo que uma mãe saudável quer na vida, minha cabeça sempre lembra dela menor do que ela realmente é. Principalmente se estivermos longe uma da outra. E eu que vivo dizendo "ela já tem 5 anos", quando convém digo "mas ela só tem 5 anos!!"

Hoje fui comprar uma fantasia de carnaval pra ela. Ah, momento ultra especial e sonhado pra viver um personagem de um filme da Disney. Sozinha, fiz a festa e comprei a mais linda fantasia da Tinker Bell, que ela A-M-A. E como uma criança que não esticou, passei o dia feliz, louca pra chegar em casa e ver ela saracotear com as asinhas brilhantes e o vestido farto. Felicidade quase completa e escolha mais que acertada. Não fosse tudo, do vestido à sapatilha, ficar indiscutivelmente pequeno. Fon-fon-fon-fon...

Rebobinei (papo de velha de novo) o meu dia pra cena da loja. "Imagina, essa sapatilha é grande demais, quase serve em mim. Ela só tem 5 anos". Esse vestido aqui dá até o ano que vem, é tamanho 6 e ela só tem 5 anos". Claro, pela minha lógica, se ela tá calçando 30, eu que sou a mãe tinha que calçar no mínimo 50 e não 35. E se ela tem 5 e os tamanhos são de 2 em 2, comprar a tamanho 6 é no mínimo mais óbvio que comprar o 8.

Mas nem tudo funciona conforme a minha lógica. E ela, que é minha filha e é a minha cara, não só estica todo o dia, como indica que a mini Cris, como muitos dizem, na verdade vou ser eu.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O verdadeiro George Clooney

* Luis Fernando Veríssimo

Longe de mim querer difamar alguém, mas acho que no caso do George Clooney o que está em jogo é a autoestima da nossa espécie, os homens que não são George Clooney.

Todas as nossas qualidades e todos os nossos atributos, físicos e intelectuais, desaparecem na comparação com o George Clooney.

As mulheres não escondem sua adoração pelo George Clooney. O próprio George Clooney nada faz para diminuir a idolatria e nos dar uma chance.

Fica cada vez mais adorável, cada vez mais George Clooney. E se aproxima da perfeição. É bonito. É charmoso. É rico. É bom ator. Faz bons filmes. Está envolvido com as melhores causas. E que dentes!

Não temos defesa contra esse massacre. Só nos resta a calúnia.

Os dentes são falsos. Ali onde elas veem pomos da face irresistíveis e um queixo decidido, há, obviamente, botox. Ele tem pernas finas e desvio no septo.

É solteiro, portanto, claro, gay. Tem casa num dos lagos italianos, o que já é suspeito, e dizem que anda pelos seus chãos de mármore depois do banho de espuma vestindo um longo caftan bordado e sendo borrifado com perfumes florais pelo seu amante filipino Tongo, enquanto seu amante italiano, Rocco, prepara a salada de rúcula completamente nu.

George Clooney bate na mãe todas as quintas-feiras. É extremamente burro. Só leu um livro até hoje e não lembra se foi "O pequeno príncipe" ou "O grande Gatsby". Nos filmes em que faz personagens mais reflexivos, contratam um dublê para as cenas dele pensando.

Foi ele que propôs a demolição da Torre Eiffel porque já era mais que evidente que não encontrariam petróleo no local. E sua sovinice é lendária. Levou nadadeiras quando visitou Veneza, para não gastar com táxi.

É notório, em Hollywood, o mau hálito do George Clooney. Quando ele fala em algum evento público, as primeiras três fileiras do auditório sempre ficam vazias.

Atrizes obrigadas a trabalhar com ele têm direito a um adicional por insalubridade, em dobro se houver cenas de beijo. Outra coisa: a asa. Não adiantam as imersões em espuma na sua banheira em forma de cisne, nem os perfumes florais borrifados, o cheiro persiste.

Sabem que George Clooney e suas axilas se aproximam a metros de distância, e muita gente aproveita o aviso para fugir.

Além de tudo, tem seborreia e é republicano.

Passe adiante.