domingo, 22 de agosto de 2010

Multiprocessador

Assim, no meio da janta. Entre uma garfada e outra.

- Mãe, tu não parece uma periguete.

Congela o garfo no ar equanto digere o comentário e rapidamente elabora alguma coisa.
1) Ufa! Nunca pensei que algum dia na vida alguém pudesse me dizer o contrário.
2) Eu não posso ter ouvido isso.

- É filha, eu também acho que eu não pareço. Mas tu sabe o que é periguete?

- São aquelas gurias que usam piercing, All Star, roupa preta, tem tatuagem e andam com aqueles guris de cabelinho pro lado. Elas fazem bobagem e também são assaltadas (?) e presas.

Jesus! Ela tá confundindo as pobres Emos e ainda decretou que elas são bandidas! Ouviu por aí um pedaço de cada coisa e multiprocessou tudo! Ai, por onde eu começo? Posso pensar durante a semana, trocar uma ideia com amigos e retomar o assunto no fim de semana que vem? Não, não posso. Não dá pra deixar passar.

Livrei as Emos das bobagens, dos assaltos e da cadeia. Pensei em deixar tudo isso pras periguetes, ja que ia fazer sentido com perigo. Mas só ia piorar. Esteriotipar as periguetes pelo jeito que se vestem também podia ser tiro no pé. Pé de alguém conhecida, talvez. Vai que um dia ela encontra uma amiga minha de salto e mini saia e sai chamando de periguete achando que é elogio.

Deixei picando. Como ela ficou interessada em saber mais das Emos e eu definitivamente não consegui descrever as periguetes de uma maneira médio poética, o papo tomou outros rumos. Mas vai voltar mais dia, menos dia.

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